segunda-feira, 27 de junho de 2011

As Festas Juninas e os Evangélicos



O Inciso VI, do artigo 5º da Constituição Federal reza o seguinte: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma de lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias”.
O ensino brasileiro tem explorado em nossas escolas (públicas e/ou particulares) as muitas manifestações folclóricas do nosso povo, inserindo-as em seus calendários de atividades como respeitável propósito de auxiliar a definição da verdadeira identidade brasileira. Nosso país, em virtude de seu passado histórico, absorveu diversas culturas e costumes, fato que nos tornou conhecidos como “um país de muitas caras”. Desde que conquistamos a independência de Portugal estamos lutando para nos descobrirmos. E um dos meios eficazes para atingir esse objetivo é justamente a avaliação acurada das vastas e peculiares manifestações populares.
Naturalmente, as festas juninas fazem parte das manifestações populares mais praticadas no Brasil, e todas as considerações sobre essas comemorações exigem uma análise equilibrada, pois há um limite entre o folclore e a religião, visto que esta quase sempre acaba mesclando-se com tradições. E é justamente o que se propõe nesse artigo: uma avaliação equilibrada. Afinal, será que temos maturidade espiritual para delinear as fronteiras entre o que é folclore e o que é religião?

UMA HERANÇA PORTUGUESA

A palavra folclore é formada  dos termos ingleses: folk (gente) e lore (sabedoria popular ou tradição) e significa “o conjunto das tradições, conhecimentos ou crenças populares expressas em provérbios, contos ou canções; ou estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas em suas lendas, crenças, canções e costumes”.
Como é do conhecimento geral, fomos descobertos pelos portugueses, povo de crença reconhecidamente católica. Suas tradições foram por nós herdadas e facilmente se incorporaram em nossas terras, conservando seu aspecto folclórico. Sob essa base é que as instituições educacionais promovem, em nome do ensino, as festividades juninas, expressão que carrega consigo muito mais do que uma simples relação entre a festa e o mês de sua realização. Entretanto, convém ressaltar a coerente distância existente entre as finalidades educacionais e as religiosas. Além disso, não podemos nos esquecer de que o teor de tais festas oscila de região para região do país, especialmente no Norte e no Nordeste, onde o misticismo católico é mais acentuado.
As origens dessa comemoração remontam a antiguidade, quando se prestava culto à deusa Juno da mitologia romana. Os festejos em homenagem a essa deusa eram denominados “Junônias”. Daí o atual nome “festas juninas”1.
As primeiras referências às festas de São João no Brasil datam de 1603 e foram registradas pelo frade Vicente do Salvador, que se referiu aos nativos que aqui estavam da seguinte forma: “os índios acudiam a todos os festejos dos portugueses com muita vontade, porque são muito amigos de novidade, como no dia de São João Batista, por causa das fogueiras e capelas”2.

A ORIGEM DAS FESTIVIDADES

Para as crianças católicas, a explicação para tais festividades é tirada da Bíblia com acréscimos mitológicos. Os católicos descrevem o seguinte: “Nossa Senhora e Santa Isabel era muito amigas. Por esse motivo, costumavam visitar-se com freqüência, afinal de contas amigos de verdade costumam conversar bastante. Um dia, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora para contar uma novidade: estava esperando um bebê o qual daria o nome de João Batista. Ela estava muito feliz por isso! Mas naquele tempo, sem muitas opções de comunicação, Nossa Senhora queria saber de que foram seria informada sobre o nascimento do pequeno João Batista. Não havia correio, telefone, muito menos internet. Assim, Santa Isabel combinou que acenderia uma fogueira bem grande que pudesse ser vista à distância. Combinou com Nossa Senhora que mandaria erguer um grande mastro com uma boneca sobre ele. O tempo passou e, do jeitinho que combinaram Santa Isabel fez. Lá de longe Nossa Senhora avistou um sinal de fumaça, logo depois viu a fogueira. Ela sorriu e compreendeu a mensagem. Foi visitar a amiga e encontrou um belo bebê nos braços, era dia 24 de junho. Começou, então, a ser festejado São João com mastro, fogueira e outras coisas bonitas, como foguetes, danças e muito mais!”3
Como podemos ver, a forma como é descrita a origem das festas juninas é extremamente pueril, justamente para que alcance crianças.
As comemorações do dia de São João Batista, realizadas em 24 de junho, deram origem ao ciclo festivo conhecido como festas juninas. Cada dia do ano é dedicado a um dos santos canononizados pela Igreja Católica. Como o número de santos é maior do que o número de dias do ano, criou-se então o dia de “Todos os Santos” comemorado em 01 de novembro. Mas, alguns santos são mais reverenciados do que outros. Assim, no mês de junho são celebrados, ao lado de São João Batista, dois outros santos: Santo Antônio, cujas festividades acontecem no dia 13, São Pedro, no dia 29.

OS EVANGÉLICOS E AS FESTAS JUNINAS

Diante disso, nos perguntamos: “Teria algum problema os evangélicos acompanharem seus filhos em uma dessas festas juninas realizadas nas escolas, quando as crianças, vestidas à caráter (de caipirinha), dançam quadrilha e se fartam dos pratos oferecidos nessas ocasiões: cachorro-quente, pipoca, milho-verde, etc?. É obvio que nenhum crente participa dessas festas com o objetivo de praticar idolatria, pois tal procedimento, por si só, é condenado por Deus!
Quanto à essa questão, tão polêmica, é oportuno mencionar que as festas juninas têm um caráter religioso que desagrada a Deus. Então, como separar o folclore da religião se ambas estão intrinsecamente ligadas?
O Povo de Israel abraçou os costumes das nações pagãs e foi criticado pelos profetas de Deus. A vida de Elias é um exemplo específico do que estamos falando. Ele desafiou o povo a escolher entre Jeová Deus e Baal. O Profeta pôs o povo à prova: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o” (1Rs 18.21). É claro que o contexto histórico do texto bíblico é outro, mas como observadores e seguidores da Palavra de Deus, devemos tomar muito cuidado para não nos envolvermos com práticas herdadas do Paganismo. Pois é muito arriscada a mistura de costumes religiosos, impróprios à luz da Bíblia, adotada por alguns evangélicos. É preciso que os líderes e pastores aprofundem a questão, analisem a realidade cultural do local que desenvolvem certas atividades e orientem os membros de suas respectivas comunidades para que criem e ensinem os filhos nos preceitos recomendados pela Palavra de Deus. O simples fato de proibirem as crianças a participar dessas comemorações na escola em que estudam não resolve o problema, antes, acaba agravando a situação.

O QUE DIZ A BÍBLIA

Para muitos cristãos, pode parecer que a participação deles nas festividades juninas não tenham nenhum mal, e que a Bíblia não se posiciona a respeito. O apóstolo Paulo, no entanto, declara em 1Coríntios 10.11 que as coisas que nos foram escritas no passado nos foram escritas para advertência nossa. Vejamos o que ele disse: “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos”.
O que nos mostra a história do povo de Israel em sua caminhada do Egito para Canaã? Quando os israelitas acamparam junto ao Monte Sinai, Moisés subiu ao monte para receber a lei da parte de Deus. A demora de Moisés despertou no povo o desejo de promover uma festa a Deus. Arão foi consultado e, depois de concordar, ele próprio coletou os objetos de ouro e fabricou um bezerro com esse material. O texto bíblico diz o seguinte: “Ele os tomou das suas mãos, e com um buril deu forma ao ouro, e dele fez um bezerro de fundição. Então eles disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Arão, vendo isto, edificou um altar diante do bezerro e, apregoando, disse: Amanhã será festa ao Senhor”. (Êx 32.4-5).
Qual foi o resultado dessa festa idólatra ao Senhor? Deus os puniu severamente: “Chegando ele ao arraial vendo o bezerro e as danças, acendeu-lhe a ira, e arremessou das mãos as tábuas, e quebrou ao pé do monte. Então tomou o bezerro que tinham feito, e o queimou no fogo, moendo-o até que se tornou em pó, e o espargiu sobre a água, e deu-o a beber aos filhos de Israel. Então ele lhes disse: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa. Passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho”. (Êx 32.19-20, 27).
O teor das festas juninas não passa de um ato idólatra quando se presta culto a Santo Antônio, São João e São Pedro. Paulo declara o seguinte: “Mas que digo? Que ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios” (1Co 10.19-20).
“E serviram aos seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço. Demais disto, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios. E derramaram sangue de seus filhos e de suas filhas que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi manchada com sangue” (Sl 106.36, 37).
Como crentes, devemos adorar somente a Deus: “Ao Senhor teu deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt. 4.10). Assim, nossos lábios devem louvar tão somente o Senhor Deus: “Portanto, ofereçamos sempre por meio dele a Deus sacrifício de louvor, que é o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (HB 13.15). O texto de Apocalipse 7.9 é um bom exemplo do que estamos falando: “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas com palmas nas suas mãos. E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro”.
É possível imaginar um cristão cantando louvores a São João Batista? O Cântico seria mais ou menos assim:
“Onde está o Batista?
Ele não está na Igreja
Anda de Mastro em mastro
A ver quem o festeja”4

Lembramos a atitude de Paulo e Barnabé diante de um ato de adoração que certos homens quiseram prestar a eles: “E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava. E o sacerdote Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros e grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes. Porém, ouvindo isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão, clamando, e dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos as mesmas paixões, e vos anunciamos que vos consertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há” (At 14.11-15).

OS SANTOS NÃO PODEM AJUDAR

Normalmente, as pessoas que participam das festas juninas querem tributar louvores a seus patronos como gratidão pelos benefícios recebidos. Admitem que foram atendidas por Santo Antônio, São João Batista e São Pedro. Creêm também que esses santos podem interceder por elas junto a Deus. Entretanto, os santos não podem fazer nada pelos vivos. Pedro e João, como servos de Deus obedientes que foram, estão no céu, conscientes da felicidade que lá os cerca. (Lc 23.43; 2Co 5.6-8; Fp 1.21-23). Não estão ouvindo, de forma nenhuma,  os pedidos das pessoas que os cultuam aqui na terra. O Único intercessor eficaz junto a Deus é Jesus Cristo. Diz a Bíblia: “Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1Tm 2.5).

E Mais:

“É Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está  à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm m8.34).
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1Jo 2.1-2).
Foi o próprio Senhor quem nos disse que deveríamos orar ao Pai em seu nome para que pudéssemos alcançar respostas aos nossos pedidos: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome eu o farei” (Jo 14.13-14).
Quanto ao teor religioso das festas juninas, podemos declarar as palavras de Deus ditas por meio do profeta: “Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me exalarão bom cheiro” (Am 5.21).
Como seguidores de Cristo, suplicamos, diante desta delicada exposição, que Deus nos conceda sabedoria para que consigamos proceder de uma maneira que o agrade em todas as circunstâncias, pois: “toda ação de nossa vida toca alguma corda que vibrará na eternidade” (E. H. Chapin).

Bibliografia:
        Revista Defesa da fé – Junho de 2002.
   .    1. Migalhas folclóricas, p. 99. Mariza Lira
        2.IB, p. 106. Mariza Lira.
        3. .Didática e Folclore. Corina Ruiz.
         4. IB., p. 109. Mariza Lira.
HTTP://venus.rdc.puc.rio.br/kids/kidlink/kidcafe-esc./origem.html).

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